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terça-feira, 13 de julho de 2010

Afinal, pra que servem as ditas fichas de leitura?

Meu primeiro grande problema na faculdade, nos idos de 1997, foram as tais fichas de leitura.

Resolvi que daria conta de 8 disciplinas, e em duas semanas de aula já tinha 6 fichas de leitura para fazer: A República de Platão, um capítulo de um livro de Introdução ao Estudo do Direito sobre Positivismo e Jusnaturalismo, etc...
Andando pelo corredor encontrei um cartaz: Grupo de Estudos em Direitos Humanos. Bingo, com certeza eles me ensinariam a fazer fichas de leitura e direitos humanos é um bom tema para estudar. Que nada, mais textos pra ler. E também havia mais uma ficha de leitura por semana pra fazer!!!
Na terceira semana em que entreguei uma ficha de leitura, o professor Anderson Lobato (um mestre que me ensinou a ver, falar e escrever) olhou para mim e disse: anote aí, o que eu quero: no máximo uma folha tamanho A4, letra times 12, parágrafo 1,5.
Depois disso encontrei o livro do Umberto Eco - Como se faz uma tese.
Lá existem pelo menos 15 tipos de fichas de leitura, dependendo do objetivo e conteúdo. Ainda errei no tipo mais umas três ou quatro vezes, chorei e finalmente peguei o jeito.
Mas vamos ao que interessa e é muito útil para quem está estudando.

Você pode fazer fichas de leitura que agilizem o seu trabalho e facilitem o encontro da informação.
Para começar escolha o meio que mais se adequa ao que você precisa:

- as tradicionais fichas pautadas servem para poder criar um arquivo por assuntos. Quando dava aulas sobre espiritualidade tinha uma ficha para cada aula, planos de aula, pontos específicos que queria tratar em cada palestra. Fazia o meu brainstorm (já falei sobre isso num post anterior) e anotava os pontos importantes. Depois arquivava por assunto: auto-estima, liderança, desapego, disciplina, tolerância, etc...

- um caderno para deixar reunidas várias leituras para um mesmo tema, artigo ou monografia - utilizo muito isso para artigos e monografias. No cabeçalho da página já coloco os dados do textos que vou ler no formato que preciso para citar nas referencias bibliográficas. Deixo uma divisória para anotar as referências de textos citados no textos que estou lendo, autores a consultar.

- arquivos no computador - aqueles que dominam os recursos tecnológicos podem criar pastas por assuntos dentro do PC. Eu costumo criar no computador dois arquivos: citações, em que já coloco os textos escaneados que quero citar; e referências, com os dados dos livros e textos prontos pra copiar e colar nas referencias bibliográficas. Mas cada um pode organizar os arquivos de acordo com a necessidade específica.

Outra questão importante é a forma de anotar. A idéia da ficha de leitura é que seja objetiva, resumida, mas você tem que poder ler daqui alguns anos e lembrar do que se trata. Então seja objetivo, mas não economize nas coisas erradas. Seja claro e completo, objetividade não significa que você tenha que escrever tudo em 120 caracteres.

Quando chegamos ao conteúdo, novamente temos que ver que tipo de informação você quer guardar.
Pode-se fazer uma ficha de citações, ou seja, você transcreve na ficha os trechos que mais lhe chamaram a atenção e que resumem o pensamento do autor.
Uma ficha crítica relataria a sua opinião pessoal sobre o texto lido.
Poderia ser uma ficha-resumo se você listasse os principais pontos tratados no artigo ou livro.
E assim por diante, você é quem escolhe qual o conteúdo de que precisa.
Costumo fazer ficha-resumo, mantenho no computador uma ficha única com citações de todos os textos lidos que acho importantes para colocar no artigo/ monografia, acompanhado das devidas referências.
É importante criar também um cabeçalho com os dados de identificação do texto, para que você possa encontrá-lo futuramente. Isto porque a idéia é guardar a ficha apenas e não os livros e xerox de textos.

Algo extremamente importante quando se trata de fichas que serão usadas mais a diante para formar um trabalho científico é registrar minusciosamente as referências (com números de páginas, inclusive) das idéias que você decidiu agregar. Todos sabemos que a criação pessoal representa uma parcela pequena de tudo o que se escreveu. Normalmente você é responsável pelo enfoque, pelo sumário (a organização dos tópicos) e pela redação.
Então ainda que você parafraseie os textos que leu, cabe nota de rodapé com a referência de onde você encontrou aquela idéia, aquele ponto, aquele enfoque.

Após ter todos os textos fichados, você começa a escrever como se estivesse psicografando. Parece que todas as idéias fluem, pois além de ler, você processou as idéis para resumí-las. Caso perca o fio da meada, vá relendo as fichas e o assunto voltará a borbulhar.

E esse é o o propósito das fichas: guardar a informação para fácil consulta quando necessário.
Normalmente quando usada como critério de avaliação a modalidade é a ficha crítica e o objetivo é avaliar o quanto você entendeu daquilo que leu.

Mas o melhor é poder contar com um help objetivo e certeiro para seguir adiante, relembrar, estudar, revisar...